
RIO – Mesmo ainda sem a adesão oficial do Brasil como 15º e primeiro membro não-europeu, o Observatório Europeu do Sul (ESO) decidiu seguir em frente com o projeto do E-ELT, um supertelescópio orçado em pouco mais de 1 bilhão de euros que será instalado no Norte do Chile. Em reunião realizada na sede de Garching, na Alemanha, representantes de seis países no Conselho do ESO deram o sinal verde para a construção, enquanto outras quatro nações apresentaram sua anuência prévia, atingindo assim o mínimo de dois terços de aprovação.
Apesar disso, o conselho, em resolução adicional, definiu que os gastos no projeto para além das obras de construção civil iniciais não começarão antes que as contribuições prometidas pelos estados membros sejam aprovadas. Pelo calendário definido, os primeiros grandes contratos do E-ELT só serão aprovados ao longo do próximo ano. Espera-se assim dar tempo suficiente para que todas as condições necessárias à realização do projeto sejam satisfeitas, como o fim do processo de ratificação de adesão do Brasil ao ESO.
A demora do Brasil em ratificar a adesão acertada em 2010 no apagar das luzes do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem atrasado o início da construção do novo supertelescópio. Batizado oficialmente de European Extremely Large Telescope (E-ELT), ele será o maior equipamento do tipo no mundo, com um espelho principal de quase 40 metros de diâmetro capaz de gerar imagens mais nítidas que as do telescópio espacial Hubble. Com ele, os astrônomos esperam desvendar alguns dos maiores segredos do Universo, como a natureza das misteriosas matéria e energia escuras, e analisar a atmosfera de planetas extrassolares na busca por uma segunda Terra.
O projeto depende dos recursos que virão da entrada do Brasil na organização. Do total do investimento, 300 milhões de euros sairiam das receitas comuns do ESO e 400 milhões de recursos extras prometidos pelos atuais membros. Já o processo de adesão brasileiro ajudaria a financiar os 300 milhões de euros restantes. Apesar do elevado investimento, o país também deve obter retorno de boa parte dele na forma de contratos para realização das obras e fornecimento de equipamentos, já que empresas dos países membros têm a preferência nas concorrências.
Em nota divulgada no início do ano, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informou que, “em função dos ajustes orçamentários realizados pelo governo em 2011 e o atual cenário econômico internacional, o projeto foi reavaliado e encontra-se em fase final de conclusão para ser enviado ao Congresso Nacional”.
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